A Laura, sentada no chão da sua casa de banho, pensava consigo mesma:
- Agora só tenho que esperar... - e logo a seguir o seu pensamento se desviava:
- Porque raio alguém achou que tijoleira branca fazia sentido para uma casa de banho? Fica logo tudo sujo! - e voltando novamente ao motivo da espera - Como é que esperam que depois de tomada a decisão de avançar, eu não pense nisto a todo o momento? Como é possível que eu não esteja sempre à espera?
Continuou assim o seu diálogo interno, fazendo questões a si mesma: - Mas tenho pressa? Não tenho! Mas consigo evitar não estar sempre à espera? Não! ... Estou cansada... Só cabelos no chão, estou a perder muito cabelo... Por acaso é um sintoma que nunca reparei se faria parte... Pára Laura! -pensava ela recriminando-se a si própria - Sempre disseste que não serias uma destas mulheres! Cada reação do teu corpo é um sintoma?! Não! Não necessariamente... Mas pode ser... Esta ansiedade!! Esta espera!!... O chuveiro precisa de ser limpo...
Ouve-se do outro lado da porta:
André - Então? Já está?
Laura - Não! Mais um minuto! Mas o chuveiro precisa de ser limpo!
Riem-se cada um do seu lado da porta. Os pensamentos de Laura continuam a correr os vários detalhes da sua casa de banho e focar em todos os outros detalhes que não o objeto da sua ansiedade parecia ter um efeito calmante. Já bastava o seu corpo estar sempre a confundi-la.
André- E agora?
Laura- Entra vamos ver!
Laura agarrou no teste de gravidez e finalmente sentia-se calma, iria ter uma resposta. Só queria uma resposta. Sabia que qualquer resposta a deixaria momentaneamente calma, segura, em controlo:
<< Estou!>> ou << Não estou!>>. Esta espera iria terminar estivesse de espera(nças) ou não...
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